sexta-feira, 29 de outubro de 2021

 SER OU NÃO SER? EIS A QUESTÃO

 

Na abertura de trabalhos do WIT – Women in Tax Brasil, Andréa Piscitelli, conferencista e professora de renomadas universidades, em sua fala, mencionou o quanto as mulheres são únicas nos ambientes profissionais, principalmente, quando ascendem em suas carreiras.

Tão longe de denotar os aspectos positivos, como competência, destaque e exclusividade, a palavra “única” mostrou-se fria e dura, como um punhal, gerando uma sensação de profunda solidão. Ao ressoar em meus ouvidos, seguiu como eco contínuo por todo meu ser. Lembranças emergiram das inúmeras ocasiões em que fui única.

Olhei ao redor. Expressões reflexivas estampavam as faces daquelas mulheres lindas, fortes e competentes. Elas sentiram o mesmo impacto. Restou evidente que apesar de termos maior representatividade no mercado de trabalho, na política e nos meios de formação, sejam estes técnicos ou acadêmicos, em muitas ocasiões ainda somos únicas.

A verdade é que ser única nos torna sozinhas e como já dizia o poeta: É impossível ser feliz sozinho.

Esta solidão cansa. As mulheres estão cada vez mais sozinhas e em muitas ocasiões, não encontram nos homens de seu dia-a-dia o apoio que necessitam em todas as suas jornadas. Por outro lado, uma rivalidade entre as mulheres é alimentada e incentivada como forma de enfraquecer a sororidade tão necessária para nos mantermos fortes.

Outro ponto observado é que ser “única” significa que as mulheres ainda tem um longo caminho pela frente para ocuparem posições, para de fato assegurar, convalidar e firmar a presença feminina em todos os âmbitos da sociedade.

Não podemos deixar de ressaltar que muito foi conquistado como direito ao voto, de receber herança, de se divorciar, ingressar em universidade ou em cursos técnicos, no mercado do trabalho, de ter maior independência financeira, mas, ainda somos minoria e com direitos inferiores aos dos homens. 

No entanto, parece ter havido um “despertar”, gerando nas mulheres uma necessidade cada vez maior de se associar a outra. Um grande volume e dos mais variados tipos de associações formadas por e para mulheres, tem sido crescente e uma tendência mundial.

Mas o que isso tem a ver com o título deste artigo? Respondo. Tudo.

Shakeaspeare nos confronta com a pergunta” Ser ou não ser?”, ao mesmo tempo que nos apresenta um desafio com sua resposta “Eis a questão”.

O ser homem ou ser mulher é o que deveria definir qualquer coisa em nossa sociedade? Não bastaria para nós sermos? Simplesmente sermos? De fato, há a necessidade de segregarmos a sociedade em homens e mulheres? Ou pior, de sermos obrigados a nos organizarmos e associarmos por sermos de sexos diferentes ao invés de pensarmos em nos unirmos para a consecução de objetivos comuns? Por que deveriam as mulheres terem que se organizar entre si para poderem exercer seus direitos? Faz sentido para o bem comum segregarmos uma mesma categoria entre homens e mulheres? O que eu sendo mulher posso querer para minhas áreas de formação, quais sejam, contabilista, advogada, escritora que um homem também não queira?

Até quando o Ser homem, mulher ou não ser será a questão?